Alternativa sustentável é comum na europa e raro por aqui.
Um dos prazeres do trabalho de repórter é ter contato com novidades, tendências e histórias bacanas. Na semana passada escrevi uma reportagem -publicada no domingo, dia 7, na Revista do Jt - sobre o coletor menstrual - uma espécie de copinho de silicone, usado como um absorvente interno, mas que coleta o fluxo em vez de absorvê-lo, é reutilizável e dura 10 anos. Quem usa garante que os benefícios são ambientais, econômicos e físicos.
O mais interessante é que o uso do coletor vai além da questão ecológica. As adeptas geralmente procuram algo natural, que tenha relação com o resgate da natureza feminina. Tanto que, para simbolizar este resgate, muitas despejam o sangue mentrual na terra! "Poderia jogá-lo no ralo, mas opto por cultuar minhas funções femininas", afirmou a terapeuta corporal Bárbara Bolzani, de 25 anos, uma das entrevistadas. "Não vemos o sangue como algo sujo. A cada ciclo pratico autoconhecimento", disse Juliana Vergueiro, de 26 anos, revendedora, em SP, da Mooncup, fabricado no Reino Unido e a marca mais importada por aqui. Ainda pude ouvir a justificativa da Ana, uma portuguesa: "Não gostava da ideia de colocar abosorventes com substâncias químicas e cheiro e, depois, ainda sujar o meio ambiente". (Foto: Juliana, linda, com seu coletor)
O uso do coletor estaria ligado a um movimento sem força no Brasil, o ecofeminismo, me disse a antropóloga Daniela Manica, da Unicamp. "Quando nos cortamos ninguém tem nojo do nosso sangue, mas o sangue menstrual provoca constrangimento ao ser visto. Existem vários tabus em volta da menstruação e a maioria é passado de geração em geração", observou.
A ideia das usuárias do coletor é exatamente quebrar esses tabus em relação ao corpo da mulher. É mais que uma questão sustentável, mas de comportamento ideológico. Exatamente por isso, não sei se a moda pega por aqui. Além disso, como me disse um ginecologista, as brasileiras, apesar da maior liberdade sexual, têm pudor em tocar a própria região genital. O diafragma, também difundido na europa e colocado manualmente, não fez sucesso como contraceptivo.
Dúvidas: (assita ao vídeo, lá em baixo)
Pra quem já pensou "será que é bom pra saúde", os ginecologistas que entrevistei disseram que sim. "Não tem nenhuma contraindicação conhecida", garantiu o ginecologista do Hospital Sírio Libanez SP, José Carlos Sadala. Inclusive, seria teria até menos riscos de alergia que o descartável - que se tiver perfume então, tem ainda mais substâncias químicas. "Mas tudo vai depender da forma de uso".
(ah, a maioria não conhece bem o produto. Então, se perguntar ao seu e ele fizer cara de "ham?", não se preocupe)
E pra quem se pergunta se abandonar a praticidade dos descartáveis faz diferença no meio ambiente, o consultor ambiental Maurício Waldman acredita que sim. O absorvente descartável leva cerca de 100 anos para se degradar no meio ambiente. Imagina a embalagem?(!) "E mesmo sumindo após 100 anos, o perigo não desaparace, só fica invisível".
Será que vaza? As adeptas e os médicos disseram que os riscos de vazamento são ainda menores que o do descartável. A cada 4 ou 8 horas é preciso envaziá-lo e colocá-lo de novo. Quando a menstruação acabar, esterelize como se fosse um bico de mamadeira, guardando-o longe de bactérias.
Se eu usaria? Confesso que as meninas adeptas falam com tanto entuasiasmo, que até pensei em experimentar. Mas percebi que é algo ligado a uma ideologia bonita, então não usar por usar. Quem sabe.....afinal é interessante a ideia de ter menos gastos com farmácia, conciência tranquila com o meio ambiente e mais intimidade com a próprio corpo.
Como o coletor não é fabricado aqui no Brasil, acesse a página de revendedoras da mooncup no país e veja a mais próxima da sua cidade: http://www.mooncup.co.uk/languages/pt/compre-o-agora/Brasil.html
E se alguém quiser ler a reportagem na íntegra, com depoimentos de usuárias e médicos, me peçam que envio, por e-mail, o arquivo em PDF.
No vídeo, veja como colocá-lo. RESPONDAM: Você usaria?